Saturday, June 24, 2006

Coisas: "a" e "b"

a) DIÁLOGOS:

Banheiro Feminino

- Olha minha barriga, que horror!

- Ah, que nada! horror tá a minha perna, preciso depilá-la.

- Você chama isso de horror? Horror tá o meu cabelo com esse fedor horrível de cigarro.

- Você tá preocupada com isso? Minha maquiagem borrada e você preocupada com cabelo?
pelo menos não dá pra ver...

- Ah, é só dá um retoque, já a minha barriga...

Continua...sempre

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Nerds Raça Pura

- Fala muleque

- E aí, grande Cavaleiro das Cinzas! (Risos incomuns)

- Bicho, comprou aonde teu magic?

- Ih cara, faz tanto tempo, nem lembro mais - (Risos incomuns e agressivos) - mas eu ti empresto o meu.

- Beleza!

- Claro, aí você me empresta algo, mas tem que ser quente (Risos incomuns )

- Hum. O quê? (Risos incomuns seguido de um tique)

- Pô, teu cd original do Warcraft, aí chamamos o pessoal da pesada pra jogar nesse fim de semana.

- Ah, tudo bem. Achei que fosse o DVD com aqueles filminhos (Risos agressivos seguido de um tique)

- (Risos incomuns longo)

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Indies

- Já ouviu The Concretes?

- Credo. É velho. O Clip passa toda hora na MTV e a banda é uma cópia do Interpol.

- Sério. Ué, a banda surgiu há 2 meses e o clip passou apenas uma vez na mtv.

- Então, não ti disse! Agora, já ouviu The Surreals?

- Não. É bom?

- Se é bom? Meu deus, você precisa ouvir agora.

- Mas eu não tenho mais espaço no meu HD.

- Não importa, você tem que ouvir, eu vou gravar num cd-r e ti levo. Você vai ficar pirado e olha que eu achei poucas informações deles na net. Eles são estranhos, mas muito, muito bom. Você precisa ouví-los.

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b) SUÍÇA

"A Confederação suíça é um pequeno estado federal sem saída para o mar na Europa Central, tendo fronteiras a norte com a Alemanha, a leste com a Áustria Liechtenstein, ao sul com a Itália e a oeste com a França. A nação tem uma forte tradição de NEUTRALIDADE política e militar, mas também de cooperação internacional, sendo sede de muitas organizações internacionais."

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Pois é, pensando nessa neutralidade histórica Suíça:

- Caso ganhe a copa, o vice-campeão pode comemorar.

- Caso você encontre algum Suíço na cama com sua mulher, não se preocupe, você não é corno.

- Caso engravide então, sem problemas. Deve existir alguma organização internacional em prol das crianças neutras por lá.

- Caso fuja de um Suíço, você não é um covarde.

- Caso tenha tendências homossexuais, aproveite um Suíço. Lembre-se: Você não será gay!

- Por fim, caso aconteça alguma dessas coisas, ponha culpa num Suíço, afinal eles são e sempre foram neutros.



Tuesday, June 20, 2006

fragmentos em lupa

... Na estrada, as mãos acenando substituíam os cabelos encapuzados pelo inverno. Éramos tão amigos que não percebíamos a significância de poder respirar o mesmo ar. Nenhum destino bastava a não ser que completasse a história física que tínhamos começado.
... O calor era irônico; o inverno, companhia. Eles não tinham saudade do resto, o resto ficara nas outras estações... De trem, sem trem.
... Não que eles precisassem dessa fuga, mas foi o que restou depois de malas entorpecidas pelos souvenirs coletados. Cartas, batons, guardanapos de bares parisienses que deixaram de existir. Suas épocas acabaram, por isso o desejo sutil de manter a realidade o tão acesa quanto o tanto de lucidez que lhes restaria após a junta madrugada.
... A lucidez para suar frio no inverno; encher a cara sem motivo, sonhar por sonhar, comer por comer, gozar por gozar.
... Porque isso eles sabiam fazer: gozar. Em todos os sentidos, eram gozadores, natos. E não era qualquer decepção que os tiraria da linha mestra que seguiam, rumo às cartas da sorte ou ao abismo esperado, já que a condição lhes impunha que ao sorrirem deveriam pagar pedágio por ostentação.

...”Ah, o abismo esperado. Terra de ninguém, do nunca, do infinito, do impreciso, do obscuro. Eu sempre esperei o abismo obscuro. Vou lá. Sonhar. Navegar. Quem sou eu? Pegue uma carta. Suma daqui”.

... Enquanto esse meu último fumo se vai, tomo a posição do volante e reparo que os capuzes são retirados vagarosamente no conversível congelante, lata velha memorável. Os cabelos se juntam em tonalidades e luzes e elas gritam que chegariam ao paraíso assim que as luzes do farol estivessem pré-maturas novamente.
... Um paraíso que parecia ser a sala de brinquedos de um deus. Lembrou-me do dia que ele falou conosco: uma tarde chuvosa, o céu refletia petróleo de escuro, então trovejou subitamente, o cara ao lado disse "amém". Ele trovejou mais forte ainda. Aí eu disse: "velho safado". Trovejou, mas foi fraco. Percebendo a vantagem, soltei mais uma vez: "velho safado". A chuva parou.
... E era esse pouco de fé absurda que me lembrava da vida novamente. Minha mente pedia que minha pele se cortasse e se dividisse em cada canto para a posteridade. Mas ao longo da canção percebi que um par de olhos me fitava a ponto de falarem que eu poderia até explodir ali, se quisessem. Eu tinha uma viagem a terminar e seria do jeito que planejávamos. Eles tomando coquetéis de guarda-chuva e eu coletando as gotas.
... A estrada ainda é longa, tão longa quanto os nossos movimentos redundantes de cada dia, mas ela cessará. Sempre cessa. E aí? Talvez continuemos a nos movimentar em cadeiras de balanço... lá e cá, em que cada movimento de ida e vinda, um fragmento do passado é relembrado. A distância diminuiu, mas a saudade não...

Thursday, June 08, 2006

Brasil Surreal II

Oficialmente Baseado nas normas, nos últimos anos, os censores atacaram:

Terra em Transe (Glauber Rocha) – Proibido para todo o território nacional por uma portaria de 19.4.67 que só foi publicada uma semana depois, enquanto o filme já tinha sido convocado para o Festival de Cannes. Foi interditado por conter “propaganda marxista subliminar”. O chefe de censura, Sr. Romero Lago, declara que o filme, além de ser exageradamente irreverente para as autoridades constituída, ainda é de péssima qualidade” e que, mesmo que obtivesse o certificado de censura, não obteria o visto de “boa qualidade” de tão ruim. Liberado sem corte por intervenção do Ministério da Justiça. Escolhido pelos críticos de Belo Horizonte para o ciclo “Os 10 Melhores do Ano”, o filme teve sua sessão única impedida pela polícia em março de 1968.

1964
Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos) – Liberado pela censura federal, o filme é retirado de cartaz em Salvador, e fechado o cinema que o exibia.

Os Cafajestes (Ruy Guerra) – A História d’os Cafajestes com a censura é longa. O filme foi finalmente liberado, quando foi proibido para o estado de Minas Gerais pelo Governador Magalhães Pinto, proibição mantida pelo Supremo Tribunal Federal. Até hoje proibido em Minas.

1965
À Meia Noite Levarei a Sua Alma (José Mojica Marins – Zé do Caixão) – Liberado pela Censura Federal, foi proibido quando já se encontrava em exibição no Rio Grande do Sul.

O Desafio (Paulo César Saraceni) – Vítima durante meses de uma exposição não oficializada, foi liberado com corte na caixa sonora, tendo sido o certificado assinado pelo próprio chefe do Departamento Federal de Segurança Pública, já que o serviço de censura não conseguia assumir responsabilidade diante do filme. Em 1967, a fita é vítima de outra proibição não oficializada: não consegue obter o certificado de exportação, que não é nem concedido nem negado.

1966
O Padre e a Moça (Joaquim Pedro de Andrade) – Após ter sido liberado sem corte para todo o território nacional pela censura federal, foi interditado para todo o território nacional pela censura federal. Isso em conseqüência de pressões eclesiásticas. Posteriormente liberado, continua proibido no estado de Minas Gerais. Quatro fotografias publicitárias do filme foram proibidas.

História de um Crápula (Jece Valadão) – Liberado com corte, posteriormente proibido em Curitiba.

Opinião Pública (Arnaldo Jabor) – Documentário de longa metragem, foi liberado mediante três cortes.

1967
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (José Mojica Marins – Zé do Caixão) – Liberado mediante uma alteração – O Herói, que morria negando a existência de Deus, morre agora afirmando a sua fé.

O & A (João Silvério Trevisan) – Curta metragem que acompanha o espetáculo teatral O & A. Documentário sobre a violência no mundo, foi liberado com corte de partes referentes ao Brasil. O filme conservou sua duração original, pois as partes cortadas foram substituídas por pontas brancas marcadas com X.

Colagem (David Neves) – Curta Metragem liberado com um corte, Antologia, o filme reproduz a cena do banho de Luíza Maranhão em Barravento: Esta cena cortada que não o foi na fita original. A cópia devolvida pelo diretor foi mutilada pela censura federal.

Cara a Cara (Júlio Bressane) – Liberado mediante corte de uma seqüência. O diretor não aceitou a decisão e recorreu ao Ministério da Justiça, sem resultado até o momento. A cópia entregue à censura federal foi devolvida mutilada.

As Sete Faces de um Cafajeste (Jece Valadão). A Gazeta de Notícias (Rio) de 24.4.68 denuncia que a censura “está de olho” em cima da fita.


Transcrição de um trecho da Revista aParte, Edição nº 2, Maio-Junho 1968

Monday, June 05, 2006

Brasil Surreal

A 9 de abril de 1965, o então presidente da República, Marechal Castelo Branco, inaugurou o nôvo prédio do Departamento Federal de Segurança Pública. Nesta ocasião o chefe do Departamento, General Riograndino Kruel, pronunciou um discurso de que extraímos o trecho seguinte:

“Por sua vez, a Polícia Federal entre os serviços de relevância conta com a Polícia Rodoviária e o de censura de diversões públicas, o primeiro com a responsabilidade de supervisionar milhões de quilômetros de estradas de rodagem federal, sob os mais variados aspectos, e o segundo com as atribuições de examinar os filmes cinematográficos, nas unidades da Federação, mediante os certificados expedidos pelo órgão de chefia que aqui nêste flamante auditório, fará uma censura honesta, elevada e criteriosa, graças a um corpo de censores devidamente qualificados.”

Um filme nacional não deve

a) Conter cenas imorais, expressões obscenas ou gestos capazes de ofender o decôro público; b) poder exercer influência nefasta no espírito infanto-juvenil, pelas cenas de crueldade, desumanidade ou de crime; c) fazer apologia de anomalias, vícios ou perversões que possam induzir aos maus costumes ou sugerir a prática de crime; d) ridicularizar grupos sociais, credos religiosos e seus ministros; e) servir para explorar as crendices e incitar as superstições; f) conter efeitos visuais ou auditivos que possam causar alarme ou pânico; g) poder prejudicar a cordialidade de relações diplomáticas com outros povos; h) difundir preconceitos raciais ou de classes; i) ser portador de mensagem política incompatível com o regime vigente no país ou que de qualquer forma fira a dignidade brasileira ou venha a apresentar riscos à segurança nacional; j) fazer propaganda pessoal de pessoas que pela prática de atos caracterizados de corrupção e subversão, se encontrem privados de seus direitos políticos; k) divulgar conhecimento de fato inconveniente à segurança nacional; l) conter alusão depreciativa aos podêres civis e seus agentes, ou às forças armadas, estimulando o descrédito das instituições nacionais e desencorajando os sentimentos coletivos de amor à pátria; m) não ser falado nem ter legenda ou dublagem em português.

Estes são os critérios de julgamento do Serviço de Censura de Divisões Públicas órgão do Departamento Federal de Segurança Pública. Como se verifica, os autores desta norma evitaram tôda e qualquer forma de definições, logo é mais seguro plantar mandioquinha do que fazer cinema.
Transcrição de um trecho da Revista aParte, Edição nº 2, Maio-Junho 1968
Em breve a lista de filmes censurados na época e suas consequências.