saudosismo
Seu Luiz, que tem bigode, coloca sempre a caneta na orelha e na outra um cigarro de tabaco, vez por outra ele confunde e fuma a caneta ou escreve com o tabaco. Atrás da taberna fica sua casa. Todas as tardes seus filhos ficam brincando de bola na rua e Seu Luiz periodicamente tem que gritar: "sai daí muleque! vai tomar banho! bora!". Quando Seu Luiz vai para rua comprar mercadoria sua mulher assume a venda. Ela também faz picolé e outras coisas caseiras pra ajudar na venda. Aos domingos, Seu Luiz vende aos bêbados da cidade. Eles chegam lá-pelas 10 da manhã e começam a beber cachaça até a noite chegar. E o que os bêbados do interior conversam? Basicamente, nada. No início (ainda não bêbados), eles falam das plantações de algodão, milho, que choveu muito na semana passada ou de bois. Seu Luiz até que gosta, mas com o passar do tempo e da cana, os assuntos vão mudando e eles tornam-se, digamos, meta-bi-sexuais. E a conversa vai assim (indo com o braço ao pescoço e falando no pé do ouvido): "João Zonzera, eu ti respeito muito bicho, eu gosto de ti pracarai. O senhor é meu irmão". Eis que nesse momento passa a Lurdes, que apesar de velha e com o corpo não-sendo-lá-essas-coisas usa uns shortinhos apertados e camisas idem, deixando à mostra os bicos dos peitos que já não mais apontam pr’o horizonte e sim pr’o chão, a um ângulo de 60 graus + ou -. Os já bêbados ao avistá-la começam a (como se diz por lá) mexê-la, com cantadas clichês que prefiro não citá-las. Lurdes ao sumir das vistas dos bêbados, o que demora, pois ela faz isso de propósito, faz com que eles voltem à cachaça. Até aí tudo bem para Seu Luiz, mas ele sabe que mais cedo ou mais tarde vai acontecer: "Zé Pipoca seu cabra safado diz pr’aquele maconheiro do teu filho, o Carivaldo, parar de comer as minha cabrita no curral" e Zé Pipoca, claro, puxa a peixeira. João Zonzera não fica atrás e puxa a sua também. Neste momento Seu Luiz faz o trivial de todo domingo: tira as facas dos senhores. 5 minutos depois...os dois fazem declarações de amor mútuas.
Às vezes eu substituia o Seu Luiz aos domingos!