Thursday, February 02, 2006

Cassino Royal KM 15

Adoro essa palavra - royal - se tivesse a autoridade em por nomes nas coisas sempre a incluiria. Nomes de Bandas: Rolling Royal Stones, Los Royal Hermanos; nomes próprios: Lucas Royal de Oliveira, Maria Royal Migliavacca...enfim. Por isso a inclui para nomear o Cassino Royal KM 15. E o que é o Cassino Royal KM 15 (esse auto-feedback é típico de professores universitários medíocres) ? Bom, tratava-se de uma mesa e alguns homens que iam todos os fins de semana aos fundos da casa do Papai jogar carteado. Apostado. As apostas não eram grandes, claro, não se tratava de um lugar aonde os homens ricos da cidade iam se divertir. Não tinha homem rico. Lá os apostadores não ganhavam muito em seus empregos, na maioria, em pedreiras. Eles só queriam sentir um pouco de medo, alegria, surpresa, calafrio, ansiedade...coisas que não aconteciam no decorrer de sua semana. Apesar das apostas serem pequenas era impressionante o respeito que um tinha pelo outro. Eu...uma criança de 7 anos, ficava sempre adjacente à mesa. Observando. Olhava o jogo de cada um, tentando decifrar a lógica que cada apostador usava para decidir pegar ou descartar uma carta.

Chega a minha hora!.

Certas horas o meu pai tinha que se ausentar do jogo para vender algo e a partida não poderia parar, então ele deixava eu pegar suas cartas. Sim. Eu, uma criança de 7 anos jogando com os senhores. Devo dizer que é uma das melhores experiências que uma criança pode ter. E eu vou explicar o porquê: quase toda brincadeira da nossa infância é uma simulação da vida adulta, a menina brinca de ser mãe de sua boneca; o garoto brinca de dirigir seu carro. Há um certo prazer nisso. E eu, n’aquele momento, não estava simulando. Aquilo era melhor que qualquer outra brincadeira existente. Era real. E era estimulante. Na primeira vez que aconteceu eu tive um certo receio e vergonha d’eles não me levarem a sério. Eu me ofereci ao papai para continuar seu jogo. Meu pai aceitou. Sentei na cadeira e eles não apresentaram nenhuma mudança facial, era como se o papai continuasse jogando. Senti um certo alívio. Mas, de certa forma, eu entendi. Sempre fui discreto e eles percebiam a minha ânsia em jogar. Apesar da discrição quando ganhava alguma rodada (sim, eu ganhava às vezes) eu não conseguia me conter e explicitava um certo sorriso no rosto, afinal, eu era uma criança e como tal não conseguia evitar as emoções tão facilmente, já os adultos, talvez infelizmente, conseguem conter suas emoções. O melhor momento era, após a vitória, colher o dinheiro. Eu me sentia, talvez, como aqueles velhos que passam dias jogando n’àquelas máquinas viciadas em Las Vegas juntando suas moedas ganhas após elas caírem e fazerem aquele barulho clichê em filmes de cassino. Mas o meu pai sempre voltava e eu tinha que dá meu lugar a ele...e o dinheiro também.

2 Comments:

Blogger Marina R. said...

Eu sou muito boa no carteado!

7:56 AM

 
Blogger Bilu said...

esses dias no bar do pai de um amigo meu,eu apostei 25 centavos numa máquina tipo caça-níqueis e ganhei.25 moedas de 25 centavos.
perdi tudo tentando ganhar mais.As pessoas não sabem quando parar.

1:35 PM

 

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